domingo, 27 de novembro de 2011

é difícil se ver no espelho

escolhi um número de trapézio. lindo, leve, romântico... a trapezista dança com tanta emoção, com tanto sentimento, sentimento que move...

sei dizer porque eu escolhi ele mas não sei dizer o que tem de mim nele. se me toca é eu?

a trapezista, tão distante...

o vento... o vento leva pra tão longe, bem distante

a delicadeza não é minha, a emoção é. travei. não quero falar do que me toca - o que me toca toca fundo e não sei se tem delicadeza lá, ninguém quer ver isso, não sei se quero me ver.

não lembro em que momento da vida ele me tocou, também sou romântica. romântica nada, uma boba. o sentimento da trapezista é assim meio jogado também, igual o meu. ela dança com as pernas, os joelhos, com os pés...

o vento leva pra tão longe, bem distante.  aqui tão perto, muito perto estão os seus pés. tenho dedos, tenho plantas, tenho planos. minha vida, aonde foi minha memória, não te peço nem um risco, nem um giz... só seu amor...

falar de outro é falar de mim. o que me toca é meu. me vestir trapezista.. eu tenho vento? é tão distante... é tão perto... o outro no espelho não é eu, é eu, não é meu. posso dançar com os joelhos, com os pés? tenho dedos.. tenho plantas...

nas ruas passeiam os pés, os pés que pisoteiam o asfalto não são meus, não são meus nem são seus, os seus andam com os meus, curvas, retas e até ladeiras... o nosso andar vai junto porque os meus pés são os seus e os seus estão nos meus... pés

qual o limite entre eu e o outro?

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